1. |
O amor é
05:47
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O a mor é
Ah! A mar é
Um en xa me
Na sua lín gua
Es pí ri tos
No en cal ço
Pe lum bi go
Já vão en trar
Meus de se jos
“To dos vi vos
To dos nas cem
To dos mor rem
Mas a vi da
I mor tal“
“E ros be beu
En ve ne nou
De ge ne rou
Em ví cio”**
Vai cho ver
Vai cho ver
Vai cho ver
En go li
Vo mi tei
Cri a ção
Cri a ção
Cri a ção
Cri a ção
Sem dor
Sem dor
Sem dor
Sem dor
Sem dor
Sem dor
Senhor
Sem mais dor dessa vez
Sem mais dor dessa vez
Sem mais dor dessa vez
Sem mais dor dessa vez
*Trecho do Poema 6 do livro Tao Te Ching, de Lao Zi.
**Inspirado no aforismo 168 do livro Além do Bem e do Mal, de Friedrich Nietzsche
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2. |
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O que eu fiz ou deixei de fazer
Enterrando nossos filhos no amanhecer
O sol se pôs pra todos, mas não pra você
Hora de abater esse animal teimoso
Entre outras palavras, você foi dizer
Na casa de deus todos tem uma cadeira
E eu caí pelo canto da mesa
Embriagado na beleza de pela primeira vez ser a presa
Seria uma honra morrer como meu criador
A traição como uma coisa tão bela
Tão certa quanto os olhos de um impostor
Preso num corpo ou dois
É difícil lembrar
Como dois irmãos com um só coração
Pro outro não morrer um deve se sacrificar
Nos fios da memória eu vou encontrar
Um prazer que dilacera o que eu entendia por amar
Sou eu o guardião do meu irmão, afinal?
Seus jeitos são parecidos
Mas existe algo de errado
Embora fatigados
Meus ouvidos não estão enganados
Hoje eu dormirei no seu colchão
Mas amanhã não sei o que será de nós
Eu estendo minha mão vermelha
No coração da sua noite
A visão do próprio deus
Na presença do seu filho
Ah! Agora você aprendeu
A ralar seus joelhos, para ter o que quer
Estou cansado da minha própria carne
Só você pode me salvar
Cura
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3. |
Obsessor
03:20
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Não se compare à outras pessoas
Você não tem a menor chance
Eu não queria que você tivesse
Qualquer memória antes de me conhecer
Eu vou te fazer esquecer
Eu vou te fazer esquecer
Sentimentos mudam
O tempo inteiro
Sentimentos mudam
Eu machuco você
Eu controlo você
Sentimentos mudam
O tempo inteiro
O tempo inteiro
Sem amor dessa vez
Nas minhas garras
O que eu vou fazer
Não vão te salvar
Eu vou puxar mais forte
Eu vou puxar mais forte
Eu vou ser uma morte
Eu vou ser uma morte pra você
Cospe
Boca seca
O corrimão solto
No pico nebuloso
A vergonha e as correntes
Do hábito vicioso
O medo depois
Da onda mais forte
Eu vou puxar mais forte
Eu vou puxar mais forte
Você sabe que eu sou mais forte
Eu te engoli
Como uma hóstia
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4. |
O amor está aqui
03:08
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Deixo o orgulho me comer
Um dos dois vai ceder
Sonho que mato meus iguais
Mas eles nunca vão saber
Meu esqueleto fica fraco
E tremendo penso em você
Meu duplo, um agouro que diz
Tenho pouco tempo pra viver
A todas as pessoas a quem eu me curvei
Fui eu mesmo que me acorrentei
Pra servir e agradar
Eu me humilhei, eu me humilhei
Mas eu agora eu sei
Ó o desejo que não se realiza
É a pulsão da vida
Desejar e não ter
E depois que tiver não mais querer
O amor está aqui
O amor está aqui
O amor está aqui
O amor está aqui
Você me ama?
É preciso passar o sangue adiante
O pesadelo é meu
Mas se você me ama, também vai ser seu
Você me ama?
E cada vez mais fraco, drenando os recursos
Que você consome com descaso
Você me ama?
Não é exagero dizer
Últimas palavras antes de levar você comigo
Pela equidade entre sofrer e prazer
Que
O amor está aqui
O amor está aqui
O amor está aqui
O amor está aqui
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5. |
Anjo Pornográfico
02:08
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Chame os seus amigos
Vai ser divertido
Independente do que aconteça
Hoje eu não volto pra casa
Sozinho
Tem muitos órgãos
Nesse corpo
Pedindo por um estímulo
Maior que os outros
Dopamina, neurociência, vício, dependência
Perversões, fetiches, anjos pornográficos
Autocontrole na terra dos rastros digitais
Terapia coletiva, desconstrução e somatização
Não dá mais
Não dá mais
Eu não quero nem saber
Só preciso entrar
Nesse antro fedido
Tudo de bom pra vocês
Eu já volto já
Vou voar
Como um anjo caído, vou voar
Recaída
Recaída
Recaída
Como é bonita a cidade no amanhecer
Tudo ainda pode acontecer
Tudo ainda pode acontecer
Tudo ainda pode acontecer
Tudo ainda pode acontecer
Tudo ainda pode acontecer
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6. |
Um poço sem fundo
01:47
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Meu corpo é seu instrumento
Meu corpo é seu instrumento
Uma máquina de sexo
Ma-ma-ma-ma-ma-máquina de sexo
Cle-cle-cle-cle-cleptomaníaco
Minha face de carne desfigurada
Meus olhos trágicos furados pela faca
Pela fa-fa-fa-fa-fa-fa-faca
Entediado por essa música? Eu entendo
Pegue seus ossos do chão
Limpe suas lágrimas
Não saia de casa
Feche suas janelas
Corte o gás
Anjos pornográficos no céu essa noite
Um poço sem fundo
Acaba hoje
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7. |
Passagem
04:44
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Pronunciando seu nome
Tive a impressão de te ter inteiro na minha boca
Uma personalidade como disfarce, anos se passaram até que pude entender
Que a justiça divina escolheu você
Para punir aqueles que não querem crer
Aqueles, como eu
Que não conseguiam ver a verdade que há
Em se render
Cada um tem sua vez
Os dedos que me tocam
São seus
Mas o ódio que eu sinto é só meu
O desejo de revidar nunca se perdeu
Talvez você já se esqueceu
Agora dizem
Voe, seu pássaro assustado
Não deixe que aparem suas asas
Na festa de despedida da sua inocência
Aqui vou eu, aqui vou eu, uma última vez
Uma imagem que cega todos os olhos
Pra que ninguém se esqueça
Depois de tanto tempo e retenção
De um ódio que sobreviveu
Levar seus ossos com os meus
Essa é minha redenção
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8. |
Canção do abatedouro
02:58
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Ó Mãe, ó mãe, ó mãe
Eu estou confundindo as coisas
Depois de tanto tempo sem subir no altar
Eu ainda posso entrar?
Esconder os seus segredos
No espaço entre os meus dedos
Tudo tem seu preço
E agora eu reconheço
Que o hospedeiro do veneno
Também contribui com seu peso
Diga adeus a qualquer coisa
Quando suas bocas arrancam meus pedaços
Eu me seguro com o que resta
Mas aqui vou eu
São movimentos violentos e agonizantes
Que perpetuam o fluxo de uma febre alucinante
Eu me agarro ao que vocês me ensinaram
Até o último instante
Não resta mais nada
Veja bem o meu semblante
Não tem nada aqui dentro
E agora é preciso passar esse sangue adiante
Nossos corpos e espíritos
Escaldam no mesmo rio
Sucumbem ao mesmo destino
Eu não confio em vocês
Porque eu sou como vocês
Eu não confio em vocês
Porque eu sou como vocês
A Imagem e semelhança
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9. |
Clivar
07:06
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“Toda jornada
Começa na mente”
Um voo de repente
Te leva mais baixo
São Sebastião
Erguido no altar
A peste também precisa respirar
E o sangue corre adiante
Nunca para de sangrar
Dos espasmos no rosto
Dos roubos, dos subornos
Algo não quer se calar
Se quem passa por essa porta
Perde o dom de falar
Melhor o gemido dos animais
Palavras não vão nos salvar
Numa piscina de dinheiro
Cheia de homens em desespero
Que contam quanto podem te pagar
Nos quartos de cima
Quando as portas se fecham
Eles param de respirar
O êxtase ao ver o brilho dos seus olhos
Se dissipar
Porque nós insistimos nisso
Essa forma violenta de ser
Eu amo o que isso faz comigo
Toda noite eu volto a acreditar
Nos meus instintos, meus abismos
Quantas desculpas puder dar
Ofertando outras pessoas
Pra chegar até você
E só eu posso te ver
A fome dá ânsia de vômito
As paredes do meu estômago comem umas as outras
Meu corpo não aguenta mais não ser o seu
Essa sensação de ser um objeto
Eternamente incompleto
Eu manipulo os restos
E espero
Sair sem dignidade
Não importa a idade
Em que eu alcançar tal liberdade
Nós mergulhamos nisso juntos
Você é como a língua de corpos esquecidos que retornam
Ao te ver eu aprendi que o sacrifício alimenta esse solo
Tudo que eu não sou e poderia ser
Ainda existe
Tudo que você foi agora é muito mais
Pelo meu amor e a minha febre, que também te inscreve
No mesmo movimento até o fim
Uma espiral que consome tudo que deseja fugir
Não tem brisa na floresta que me envolve
Eu mal vejo a luz entre as árvores disformes
Mas saiba que se um dia eu conseguir sair daqui
Minhas pernas vão me levar até onde eu me perdi
Não tem brisa na floresta que me envolve
Eu mal vejo a luz entre as árvores disformes
Mas saiba que se um dia eu conseguir sair daqui
Minhas pernas vão me levar até onde eu me perdi
Se você estiver ali
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Fábio de Carvalho Belo Horizonte, Brazil
Compositor de Belo Horizonte, Minas Gerais. Agora é um dos membros do selo Rubedo Discos.
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